SONETO AOS 77 ANOS
Coração, quantas vezes não me fiz
esta mesma advertência que me fazes
de que não devo, para ser feliz,
querer amar como amam os rapazes.
Sei que, não sendo jovem nem petiz,
da vida estou na última das fases
e que não são nem foram como quis
os meus setenta e sete anos fugazes.
A dor de ter algum sonho desfeito,
vejo hoje, à luz da Lei de Causa e Efeito,
tão-só como resgate ou como prova...
Mas tive e tenho muito, Coração:
amigos, a família, a inspiração
para fazer meu verso e minha trova!