AMARGURA
Vida fora, vou só, despercebido,
inutilmente, como um ser qualquer;
a escutar o responso de um gemido
a todas as palavras que eu disser.
Eterno insatisfeito e incompreendido,
pressinto a anulação do que fizer.
Não recebo um louvor, mesmo fingido,
não me anima um sorriso de mulher.
A tropegar, sem fé, olhos errantes,
tangido pela glória dos amantes,
caminho para um termo que não sei.
E rolo como um seixo no declive,
ansioso pelo bem que nunca tive
e saudoso do amor que não terei.