Vicente Augusto de Carvalho nasceu em Santos a 05 de abril de 1866 e faleceu também em Santos em 22 de abril de 1924. Foi Magistrado, Deputado. Major Higino José Botelho de Carvalho e Augusta Carolina Bueno de Carvalho. Cognominado "O Poeta do Mar", que era seu grande tema. Foi o segundo ocupante da cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras (1910 a 1924. Seu principal livro foi "Poemas e Canções", com prefácio de Euclides da Cunha.
Haverá queixa mais justa
que a do feliz que se queixa?
Ai, o bem que menos custa
custa a saudade que deixa.
As correntezas da vida
e os restos do meu amor
resvalam numa descida
como a da fonte e da flor...
Tem alicerces de areia
o que constróis cada dia,
vida que corres tão cheia
para a morte tão vazia.
Mal sabes tu que desprezas
os olhos com que te sigo,
que meus olhares são rezas
ditas baixinho, comigo...
Sobe o sol? A noite desce?
Dia e noite são-me iguais:
se tu chegas, amanhece,
fica noite se te vais.
Maria! Nome tão doce,
nome de santa... Parece
que o digo como se fosse
o resumo de uma prece.
Ai, minha sina está lida,
meu destino está traçado:
amar, amar toda a vida,
morrer de não ser amado.
Ainda mesmo quando ocorre
na vida dos mais felizes,
o prazer floresce e morre,
a mágoa deita raízes.
É tão pouco o que desejo,
mas é tudo o que me falta,
só porque a flor do teu beijo
pende de rama tão alta...
Seja abril ou junho, quando
eu estou à tua espera,
logo que tu vens chegando
principia a primavera.
Perdição de minha vida,
amor que me vais levando!
Terá fim esta descida?
Há de ter... Mas onde? e quando?