Josué de Vargas Ferreira - Ribeirão Preto

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          JOSUÉ DE VARGAS FERREIRA morre a 3 de outubro de 2017 em Ribeirão Preto-SP. Natural de Leopoldina–MG, (09/10/1925) era contador e aposentado do Banco do Brasil. Na literatura foi premiado em poemas e trovas em diversos concursos.

          Pertenceu a diretoria da UBT - União Brasileira de Trovadores e participou de diversos Jogos Florais como membro das comissões nomeadas pelo executivo local. Editou “Trovas de Graça” em vários formatos distribuindo de graça a populares e estudantes aproximadamente 10.000exemplares. Tem trovas editadas em publicações da Editora Vozes e nas pagelas de 11/12/2018 da Folhinha do Sagrado Coração de Jesus assina esta:

Feliz daquele que passa
vagando triste e sozinho,
e ganha de Deus, por graça,
um irmão pelo caminho.

 
          Tem trovas publicadas nos volumes II e III de Meus Irmãos,os Trovadores e antologias de Aparício Fernandes.

 

Dar um sorriso é tão nobre 
que o gesto nos engrandece,
quem dá não fica mais pobre
mas quem ganha se enriquece.

O tesouro do meu sonho,
que guardo no coração,
vem do sorriso que ponho
na face de cada irmão.

 

TROVAS DE BOM HUMOR:

Minha vida amiga e boa
deu-me a senda desejada:
-se canso de estar à toa,
depois não faço mais nada!

Diz o guarda ao namorado:
Use também a outra mão!
Retruca o moço “avançado”:
- quem segura a direção?

Não canso de gargalhar
das ironias da vida:
- como é fácil de se achar
a mulher que está perdida!

O jovem de hoje, não nego,
tem muito tato e razão:
de fato, sendo o amor cego,
só namora com a mão!

Sempre foi franga avoada
e agora está mais travessa!
De tanto levar bicada,
só tem galo na cabeça!

Somou e multiplicou
mas a morte o subtraiu!
Depois que os pés ajuntou,
a família dividiu.

Grande poetisa! Porém,
do verso tão orgulhosa,
que não fala com ninguém!
-Dizem que detesta “prosa”!

É cômica a minha terra
e eu vivo rindo, aliás!
O doutor Armando Guerra
é nosso Juiz de Paz!

Que sentido pitoresco
deste termo incoerente!
O pão que achamos mais fresco
é justamente o mais quente!

Vejam que vida mesquinha!
Conserto o mundo não tem!
A mulher que andou na linha
um dia, matou-a o trem!

Beleza não põe na mesa,
afirma o velho ditado.
– Põe na cama! Com certeza
é melhor comer deitado!

Canibal na era moderna
por vegetais toma gosto.
– Come batata da perna
e depois maçã do rosto!

Tu serás velho e paspalho
quando a coisa se inverter:
– o prazer te der trabalho
e o trabalho der prazer!

Era uma pensão pacata...
por vez, lembrava um cortiço!
A comida era barata...
- E bota "barata" nisso!

 Não se bate na mulher
nem com ramo de veludo...
- Claro, se você puder,
jogue o vaso, a flor e tudo!

Não te cases com mulher
entendida de finança.
Não te deixará sequer
passar a mão na poupança!

Sou, por fim, aposentada!
Trabalho?  Nem pensar nisso!
- Prefiro subir escada
a elevador de serviço!

Entre e não seja apressada...
visita me dá prazer!
- Quando não for na chegada,
na despedida há de ser!

A abelha até que se acabe
não para pra descansar!
Nem "fazer cera" ela sabe...
- logo pega a trabalhar!

O biquíni, igual à grade,
tem simpática missão:
- fechar a propriedade
e deixar livre a visão!

Não cedo livro emprestado!
Não o devolve, ninguém!
- Estes que eu tenho guardado,
pedi emprestado também!

- A Madame, pelo exame,
foi mordida por "barbeiro"!
- Mas, Doutor... aquele infame
me disse que era banqueiro!

Naquela manhã, no hospício,
houve incomum alarido.
- Junto ao lixo do edifício
estava um doido varrido!

O pileque faz das suas!
Pra mim, porre nunca mais!
- Minha sogra virou duas...
castigo assim é demais!

- Meu bravo soldado, então
você pôs o outro a correr?
- Que corrida, Capitão...
mas não me deixei prender!

Já que amar é tão complexo,
o ouriço, pobre coitado...
de que maneira faz sexo?
- Ora, com todo cuidado!

Dar aulas e gastar sola
é a vocação do Nogueira.
Corre de escola em escola...
- é professor de carreira!

No açougue faz alvoroço
este cartaz que contém:
- vendemos carne com osso...
e idem, sem idem, também!

- Quanto custou teu carrão?
- Só um beijinho, quase nada!
- Que deste no maridão?
- Não, que ele deu na empregada!

- Posso assentar-me ao teu lado,
meu anjo doce e gracioso?
- Detesto velho assanhado!
- Assanhado e... mentiroso!

Diz ser poço de virtude
o meu compadre Pacheco!
Tão magreo, sem saúde...
só se for um poço seco!

Como velho motorista
vou dar minha opinião:
- pior que animal na pista
é um burro na direção!

Pequena, três não comporta
a casa da Gabriela.
Marido entra pela porta,
alguém sai pela janela.

Zebra, que belo animal,
de branco e preto pintado.
- Quem o pintou, por sinal,
entendia do riscado!

Bicho inteiro na goiaba
jamais me causa aperreio.
Mas dá nojo, fico braba,
se, comendo, vejo meio!

- Na pinga que eu bebo, tento
a minha mágoa afogar!
- E consegues teu intento?
- Qual, ela sabe nadar!

Se a gente cruzar minhoca
com macho de borboleta,
será que dá "borbonhoca"
ou dará "minhocoleta"?

O tempo bom já se foi!
Eu mesmo, sem ser patife,
pra não brigar, dava um boi!       (co-vencedora UBT Rio de Janeiro - 1986)
- Hoje... brigo por um bife!

Raimunda era, realmente,
secretária badalada.
- Além dos dotes da frente,
tinha a rima cobiçada!

Que vale fazer promessa,
rezando pra não chover,
se quando a chuva começa
queremos nos esconder?

Ó Pai, dai-me mais saber
para entender meu patrão!
- Mais força nem vou querer,
porque nele eu taco a mão!

NOTA = texto biográfico de Nilton Manoel, presidente da UBT, seção de Ribeirão Preto.