Felício Alves (FELIX AIRES), 1904 - 1979, nasceu em Buriti Bravo / MA. Médico Veterinário. Fez parte da Academia Maranhense de Letras. Trabalhou e residiu no Piáuí, daí a razão de várias de suas obras sempre exaltarem a poesia e os autores piauienses.
Por esses campos azuis,
oh! lua do meu sertão,
tu és um pente de luz
nas tranças da escuridão!
A flor do sol, no horizonte,
fecha as pétalas vermelhas...
Pelo pescoço do monte
se deita um colar de ovelhas!
Pelos cálices dos sinos
bebo a mais doce harmonia
que se espalha nestes hinos,
na hora da Ave Maria!
Na rua a criança se asila
sem casa, sem pão e escola;
o Brasil de hoje cochila
e o de amanhã pede esmola!
Linda, alegre, loira e leve,
sem um defeito sequer!
- Pena é que seja tão breve
a beleza da mulher...
A Lei da Boa Vontade
se cumpre, seja onde for:
primeiro artigo - a Verdade!
E segundo artigo - o Amor!
A justiça é mesmo cega,
de tão rara nos assusta!
Custa, mas um dia chega;
ou melhor: chega mas custa!...
Este provérbio acertado
por linhas tortas nos diz:
esquece - e serás lembrado!
perdoa - e serás feliz!
Longe, a gaivota voando,
é um til perdido nos ares...
E eu viajo, me recordando
da bênção dos teus olhares!
Por tua beleza tanta
se enflora meu pensamento,
e a boca da noite canta
as melodias do vento.
Da mais pura filigrana,
com esse encanto de lenda,
tu és uma trova humana
vestida de seda e renda.
Quando ela chega, seu riso
é um lírio abrindo a corola
e então nascem de improviso
flores ao pé da viola.
Que lindo o mar! Nestas rotas
vejo as velas nos folguedo!
Alva toalha de gaivotas
sobre a mesa dos rochedos!
Da caboclinha bonita
armam-se os seios seguros,
que são dois frutos maduros
dentro de um ramo de chita!
Sofrem também seus apuros
as leis sobrenaturais:
- estão nascendo imaturos
e estão morrendo imortais...