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BONS TEMPOS - Editorial do Trovia de Março / 2002
Os da gostosa idade certamente se lembram daqueles velhos bons tempos em que poesia era produto de consumo amplo. Todos os jornais, revistas, almanaques publicavam trovas, sonetos e outros poemas em páginas específicas ou como recheio das colunas sociais. As pessoas recortavam, colavam em álbuns; namorados transcreviam nas cartas; estudantes copiavam em seus cadernos. A famosa revista “Vida Doméstica” chegou a promover Jogos Florais. No rádio também, e até na televisão, havia programas dedicados à poesia. Sonetos de JG e Nilo Bruzzi, trovas de Luiz Otávio e Adelmar Tavares eram recitados de cor no Brasil inteiro. E olhem que isso não faz muito tempo. Há mais ou menos meio século era ainda assim.
Foi acabando aos poucos, com o avanço de outros costumes. Hoje a mídia acha que poesia não dá ibope. Que pena! Despreza-se uma faixa signific ativa de leitores, ouvintes e telespectadores que gostariam muito de vez por outra ler/ouvir alguns poemas. Há jornais que às vezes publicam poesia em certos suplementos, mas dessas que ninguém entende.
Versos de fácil compreensão aparecem apenas em alternativos, como os boletins de trovadores, nuns poucos programas de rádio e em resistentes colunas da imprensa. Sorte nossa, que ainda temos essa modesta mídia para divulgar o que fazemos. Sorte também dos leitores e ouvintes que tenham acesso a tais meios.
Cada um deles, sempre que se vê diante de um punhadinho de versos, costuma comentar: “Que coisa linda!”
Pois é: essa coisa linda, algum dia, quem sabe volte a aparecer nem que seja num rabinho de página em jornais e revistas de grande circulação.