ANTES DE TUDO, AMIGOS - editorial Trovia Dezembro/ 2003
Cada vez mais, o “outro” vai deixando de ser visto como nosso parceiro de existência, um amigo, um irmão. Passa a ser olhado como concorrente, alguém que disputa conosco o espaço, o emprego, a clientela, a liderança, o prestígio, a medalha, etc., etc. Vale o pódio, e salve-se quem puder. Vida ou guerra? Dizem que é modernidade; ou pós-modernidade, sabe-se lá...
Ainda bem que a nobre e generosa tribo dos trovadores parece vacinada contra tal epidemia.* Nosso lema continua sendo o do mestre Izo: “A trova, antes de tudo, faz amigos”.
É muito bom acreditar nisso; lembrar isso todos os dias, a nós mesmos. Costumamos dizer de boca cheia que somos irmãos. Pois somos sim, e queremos ser mais ainda. Aliás, o que há de mais bonito em nosso movimento é justamente a fraternidade. Era essa a grande bandeira de Luiz Otávio, Aparício Fernandes, Carlos Guimarães, Jorge Beltrão, Magdalena Léa, Vasco Taborda, Vera Vargas, e é ainda a de todos nós que amamos a trova e os trovadores.
Fraternidade em primeiro lugar. Veteranos ou iniciantes, campeões ou simples “gostantes”, todos iguais. O mundo lá fora é cada vez mais o da brutal competição. O nosso não. O nosso queremos que seja o da mais doce cordialidade – algo que hoje raramente se encontra, e que, portanto, deve ser preservado com máximo carinho.
*NOTA DA DIREÇÃO DE “FALANDO DE TROVA”: Com todo o respeito que nutro pelo Mestre A. A. de Assis, seria tão bom se isso fosse verdade!...