O CARISMA DA TROVA
(texto de Thereza Costa Val, da UBT Belo Horizonte, para www.falandodetrova.com.br)
Sabemos que a trova é o gênero poético mais divulgado entre nós e que a UBT consegue reunir um enorme número de adeptos em suas fileiras, organizadas em seções ou delegacias, do norte ao sul do Brasil. Sabemos também que o poeta filiado a um desses grupos, demonstra um amor incondicional pela Trova. Algumas vezes, surge um atrito aqui, outro ali, mas tudo acontece em defesa e em busca do aprimoramento do nosso movimento, a União Brasileira de Trovadores. Em resumo, todos queremos ver a trova amada e respeitada, pelo carisma que ela exerce sobre nós. Pode haver divergências de opiniões e de pontos de vista, porém, todos têm um mesmo ideal: enaltecer a trova que nos encanta.
A internet tem sido grande divulgadora da nossa carismática composição poética, além dos concursos que tradicionalmente acontecem, desde cinqüenta anos atrás. Dos concursos surgiram trovas maravilhosas, antológicas.
Recentemente, foi ventilado um problema em relação aos concursos: o encaixe de palavras dadas como tema, apenas para que a trova seja habilitada para determinado concurso. Melhor dizendo: a palavra-tema é inserida sem íntima ligação com o contexto da trova. Pode ser que o fato aconteça, realmente. Porém, cumpre ao julgador fazer a devida apreciação da mensagem transmitida, verificando se a palavra colocada está de acordo com o tema proposto. A tarefa de julgar deve ser dada, sempre, aos trovadores mais experientes do local e de outros, o que não quer dizer que todos farão a mesma escolha. Ao autor da trova cumpre conhecer bem o significado da palavra-tema e, se houver alguma dúvida de sua adequação, recorrer ao dicionário. Falo em tese, pois, pelo que tenho visto nos resultados de concursos, não vejo tal situação como usual. Posso afirmar o que digo, porque leio atentamente os livros com as trovas premiadas.
Entendo que, se o fato ocorre, um dos motivos é que o trovador, por falta de tempo ou de inspiração no momento, quer aproveitar alguma trova sua, não publicada, encaixando a palavra-tema, e nem sempre isso funciona. Como coordenadora do Concurso de BH, em 2007, foi-me possível comprovar o uso indevido da expressão temática, quando demos o tema nacional: Carisma. A palavra, usada incorretamente por alguns trovadores, quebrou o sentido de algumas trovas, dando a impressão de falta de conhecimento do seu significado. Claro que essas trovas não foram selecionadas! Em compensação, apareceram trovas lindíssimas e muitas poderiam ter sido premiadas, se não fosse o critério de limitar as premiações. Na mesma oportunidade, tivemos os temas Graça, Encanto, Centelha e Brilho, no âmbito estadual e no municipal. Neles, as trovas versavam corretamente sobre o tema proposto. Repassando os livros dos vinte concursos já promovidos pela UBT/ BH, pude comprovar a classificação de trovas encantadoras, dignas de elogios por quem sabe apreciar uma trova bem feita (ou posso dizer “bonita” ? ).
Defendo, sim, a UBT/ BH, como defendo, ardorosamente, a Trova e o nosso movimento. E até compreendo o grande trovador Izo Goldman, quando empunha a espada de suas palavras na defesa da Trova.