Busquei no amor, não me iludo,
a desventura que quis.
- Nesta vida amar é tudo:
é mais do que ser feliz!
OBSERVAÇÃO: a trova acima foi publicada sob nº 155, entre as "1000 Trovas Filosóficas", página 257, do livro "A TROVA NO BRASIL", de Aparício Fernandes, em janeiro de 1972, em nome de Paulo Fénder. O detalhe é que a mesma trova foi 10ª colocada nos X Jogos Florais de Nova Friburgo de 1960, tema "Amor". 1ª OBS: no concurso, realizado 12 anos antes do lançamento do livro, quem concorreu e venceu não foi Paulo Fender e sim Cléa Marina. Conforme narra Aparício em seu livro, à página 98: "quase dez anos depois, descobriu-se que a trova classificada em 10º lugar não era de autoria de Cléa Marina e sim do poeta Paulo Fénder. Este, por qualquer motivo, resolveu enviar a trova em nome de Cléa Marina - uma bela moça -, sua secretária. O interessante é que a simpática jovem participou tranquilamente dos festejos, declamou a 'sua trova', recebeu vários prêmios e honrarias e depois desapareceu do mapa, provavelmente por falta de 'inspiração'..."
PAULO FENDER nasceu em Belém/PA no dia 14 de abril de 1912, filho de Lúcio Fender e Maria de Nazareth Fender. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde formou-se em Medicina, em 1937. Era professor universitário e afamado cardiologista. Também atuou na política, tendo sido Senador da República entre 1960 e 1963. Deixou livros publicados, entre eles "Sonetos de Paulo Fender". Faleceu em 06 de julho de 1981.
Curso primário... Ai, eu tinha
calça curtas e já amava!
Ai, linda professorinha
que tantos zeros me dava!
Quem não souber, com certeza,
do seu amor a extensão,
consulte o grau de tristeza
que causa a separação.
Foste minha um só instante
e a razão hoje me diz
que esse tempo foi bastante
para um homem ser feliz.
Teus olhos verdes, querida,
são abismos de esperança,
onde achei a fé, perdida
desde os tempos de criança.
Se o sofrimento é profundo,
mas causado por amor,
o maior prazer do mundo
não vale o prazer da dor.
Amor de mãe não se sabe
o que é. Mas, se alguém souber,
dirá que é um mundo que cabe
num coração de mulher.
O amor é luz pequenina,
mas tem tanta claridade,
que, apagada, ainda ilumina
pelo foco da saudade.
Amor não é simpatia,
nem é, tampouco, amizade.
Amor é aquela agonia
de querer bem de verdade.
Coração: poço profundo,
que guarda felicidade.
Meu balde furado, ao fundo,
preso à corda da saudade.
No instante em que foste minha,
cegou-me o bem possuído,
pois, se eu soubesse o que tinha,
não te teria perdido.
Quando eu for velho, velhinho,
hei de ver, a recordar,
teu amor no meu caminho,
como uma luz a piscar.