PEDRO GRILO NETO nasceu em Natal, a 30 de setembro de 1936.
No vasto salão do mar,
num perenal movimento,
as ondas de par em par,
bailam nos braços do vento...
Foguetório luminoso
a estrelejar-se, à distância,
faz recordar-me, saudoso,
o SÃO JOÃO da minha infância!
A trova que sintetiza
em seus versos a poesia,
é fonte que se eterniza,
jorrando sabedoria!
Lá no arcano da saudade,
num refulgente estelar,
há uma estrela de bondade:
- É o meu Pai a cintilar!
Para o negro inda é penosa
a moderna escravidão,
na senxala indecorosa
da soez segregação.
Trago n'alma juventude,
vigor e tagarelice,
vivendo com plenitude
minha garrida velhice.
No meu viver, diariamente,
a náusea que me angustia
é a fetidez graveolente
que exala da hipocrisia.
Adoro a mulher ordeira,
amorosa e delicada.
Mas, se é megera e grosseira,
distância desta danada...
A nostalgia me alcança
quando, branda, a tarde cai,
cravando-me a aguda lança
da saudade do meu pai.