QUANDO UM POETA NOS DEIXA...
(texto de Thereza Costa Val, da UBT Belo Horizonte, para www.falandodetrova.com.br)
Quando um poeta nos deixa, o mundo perde um pouco de seu encanto. Quando parte um poeta-trovador nosso coração fica um pouco mais machucado, como não podia deixar de ser. Afinal, nós nos sentimos tão ligados uns aos outros que nos chamamos “irmãos trovadores”. E quem perde um irmão sofre muito com a perda.
O ano de 2008 tem dado muitos motivos para nos causar tristeza. Só da UBT/ BH foram dois os que partiram: Edmilson Ferreira Macedo, um trovador entusiasmado com a trova e com a UBT, e Benete Judith Cândido que, por algum tempo, marcou presença em nossas reuniões. Edmilson partiu em junho e Benete em novembro. E do Brasil outros trovadores importantes foram tirados de nosso convívio. Ainda agora perdemos uma figura brilhante da trova, um nome respeitável, que jamais será esquecido. Falo de Nádia Huguenin, pessoa muito querida de todos que tiveram a oportunidade de conhecê-la.
Nádia era um dessas pessoas especiais, carismáticas. Sorridente, afável, fina, era presença firme e competente à frente da UBT/ Nova Friburgo e dos seus Jogos Florais. Sempre atenciosa ao telefone, sempre simpática no trato com os trovadores, era perfeita anfitriã na cidade de Nova Friburgo. Não sei há quanto tempo tive o prazer de conhecer Nádia Huguenin; sei que a conheci bem antes da primeira investida da doença que agora a levou. Acostumei-me a vê-la na praça friburguense, nos palcos, ao microfone, enfim, no desenrolar dos festejos daquela cidade fluminense. Fico imaginando a falta que Nádia fará nos próximos Jogos Florais de Nova Friburgo, especialmente em 2009, quando serão comemorados os 50 anos de existência do concurso, mas tenho certeza de que, mesmo não sendo presença física, ela estará acompanhando toda a festa.
Disse alguém, cujo nome não recordo, que “o poeta acende uma luz e vai embora, mas a luz fica”. Verdade comprovada: Nádia Huguenin partiu, porém, a sua luz jamais deixará de brilhar aqui na terra, através da lembrança sua que ficou e de suas trovas inesquecíveis, como estas.
Perdi sonhos... esperanças...
perdi tudo. E em meu cansaço,
tento reter as lembranças
nos versos tristes que faço...
Este vazio em meu peito...
Esta falta de carinhos...
são drogas de longo efeito
- vão-me matando... aos pouquinhos...
Crianças abandonadas
dormindo sob as marquises,
lembram anjos, nas calçadas,
sonhando que são felizes...
TEXTO DE THEREZA COSTA VAL - UBT BELO HORIZONTE