Raul Paranhos Pederneiras nasceu no Rio de Janeiro em 15.08.1874 e faleceu em maio de1953. Notabilizou-se pela trova abaixo. Deixou três livros cm versos humorísticos: Com licença (1898), Versos (1900) e Musa travessa (1936).
O Filho do Carpinteiro
foi um artista profundo:
- com três cravos e um madeiro
fez a redenção do mundo.
Nascer!... Um drama... Promessa,
Ilusão, verdade, engano...
Depois, só se entende a peça,
Quando, por fim, cai o pano.
– Intenções – as nossas bases.
Exemplos – nossos juízes.
Tão alto fala o que fazes,
que não escuto o que dizes!
Navegante de outros portos,
sei, agora, em meus arquivos:
os vivos são vivos-mortos,
os mortos são mortos-vivos.
Reencarnação!... A alma presa
recorda divina chama,
ganhando forma e beleza
numa gaiola de lama.
Morte é bendita alegria,
paz dos céus no ceu em bando;
vem-se como o fim do dia,
quando a noite vai chegando...
Quem busque prazer humano,
olhe a lição da roseira:
algumas rosas por ano,
espinhos a vida inteira...