A SÍNDROME DO SAPO FERVIDO

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A SÍNDROME DO SAPO FERVIDO

por
JB Xavier
Secretário da UBT Nacional
Extraído do Boletim Nacional da UBT nº 587-junho/2017


       Quem quer que já tenha pertencido a qualquer tipo de grupo humano minimamente organizado, já sentiu nos membros do grupo e em si mesmo os efeitos da Síndrome do Sapo Fervido.

       O curioso, ou paradoxal, se preferirem, é que quem esteja consciente desta síndrome e de seus efeitos, imediatamente, instantaneamente, está curado dela.

       A Síndrome do Sapo fervido é definida pela não consciência do que acontece ao nosso entorno. Ora, perguntará o leitor, e o que pode acontecer em nosso entorno que nos passe tão despercebido? Resposta: Tudo o que passar tão lentamente que nos faça perder a percepção de sua passagem. Exemplos? Hoje você não usa a mesma roupa que usava em sua adolescência, mas se lhe perguntarem, quando alterou seus hábitos de vestimentas, você provavelmente não saberia dizer, porque isto aconteceu ao longo de trinta, quarenta, cinquenta anos ou mais. Lentamente demais para ser percebido. Idem aos seus hábitos musicais, linhas de pensamento, tolerâncias ou intolerâncias várias etc.

       O mesmo se dá com o sapo. Se o retirarmos da lagoa e o mantivermos num balde com a mesma água de seu habitat, podemos colocá-lo em fogo brando e ele será cozido sem muitos problemas. Mas se o pegarmos da lagoa e o jogarmos numa panela de água quente ele saltará para fora imediatamente. A primeira medida é uma evolução, a segunda, uma revolução

       Tal como o sapo, só conseguimos reagir às mudanças bruscas, às revoluções, nunca às evoluções, porque aquelas causam impacto e nos tiram de nossa zona de conforto, e estas acontecem lentamente e vão nos modificando, também lentamente. Eis porque não se vê movimentos políticos totalitários falarem em evolução, mas em revolução! É que naquelas não haveria mudanças drásticas, e nesta uma ordem das coisas é posta abaixo e outra será colocada em seu lugar, ainda que a ferro e fogo!

       É nessa síndrome que a UBT está mergulhada. Após Luiz Otávio, a grande usina de idéias e iniciativas, quarenta anos de mais do mesmo fizeram com que nossas idéias fossem cozinhadas lentamente, até envelhecerem e se tornarem obsoletas, ainda que simpáticas.

       O que a administração Domitilla vem tentando fazer, são pequenas ‘revoluções’ que não agridam demais as dezenais tradições da entidade, mas que sacudam seus ombros e a faça sair do caldeirão fervente que acabará por matá-la. As duas CONAPREST e a próxima CONAJUVEM  são bons exemplos disso.