HILÁRIO S. SONEGHET nasceu em Ibirassú/ES, em 23 de março de 1904, filho de Antonio Cristino Soneghet e Idalba Negri Soneghet: imigrantes italianos. Era dentista e foi vice-cônsul da Itália no Espírito Santo. Ocupou a cadeira 02 da Academia Espírito-Santense de Letras. Faleceu em Vitória/ES, em 03 de fevereiro de 1969.
Assim eu quero explicar-te
a dor que mais mortifica:
no barco, um lenço que parte;
no cais - um lenço que fica.
Felicidade implicante,
Não me maltrates assim,
Por favor, para um instante,
Quando passares por mim.
Aqui vai meu parecer
com relação ao ciúme:
seria o aroma do amor,
se o amor tivesse perfume.
No meu cinzeiro de barro
constantemente deponho
ora a cinza de um cigarro,
ora a cinza de algum sonho.
Gargalhar nem sempre é gozo
e chorar nem sempre é cruz:
-Há risos cheios de trevas
e há prantos cheios de luz.
O teu olhar tão sereno,
nesse semblante que encanta,
é uma taça de veneno
num oratório de santa.
Minha sorte não foi dura
nesta vida que se esvai,
pois tive a grande ventura
de ser poeta e ser pai.
No inferno, um homem da roça
ao diabo disse, num rogo:
eu só entro nessa joça
depois de apagar o fogo!