D O C E I D I O M A
Ele é feito de brados e murmúrios
que se mesclam em plácida harmonia;
tem a gloria, a imponência dos antúrios,
e a graça da violeta humilde e esguia.
Tem do ocaso os tons graves ou purpúreos,
tem o alvor que uma aurora prenuncia;
repercute em palácios ou tugúrios,
traduz lances de mágoa ou de alegria.
Oh romântica Língua Portuguesa,
haverá mais encanto, mais beleza,
mais música que em tua melodia?!
Eu te leio, eu te escrevo, eu te venero...
Quanto mais te cultuo, mais te quero,
doce intérprete da Alma e da Poesia!
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ESTRANHO BAILADO
( Inspirado em belos versos de Leonilda Hilgenberg Justus)
Em noites quando a insônia me abre a porta,
e mil fantasmas entram, em franquia,
chega também uma esperança morta,
e o baile das lembranças se inicia.
Chora, ao longe, um lamento de agonia...
Pomba-rola ou coruja? Não importa
se uma é da noite e se a outra é do dia;
é som, na orquestra que o silêncio corta.
Nesse estranho bailado, a consciência
traz-me ao sentido um gosto de carência,
de alguma coisa que ficou, lá atrás.
Se tento definir o que seria,
vem a esperança morta e balbucia:
"Deixa o passado, e o resto... o resto é paz!"