POETA e ESCRITOR, Marcelo Henrique, 38 anos, é autor de três livros: "Cantares de Amor e Maldição" (poesia), "Jânio Quadros - Sem Retoque" (ensaio biográfico) e "Oferendas ao Luar" (poesia). Foi eleito, aos 21 anos, um dos “imortais” da Academia Amparense de Letras. Como o próprio poeta se define? Assim: “um ser meio caipira, totalmente tímido que, para disfarçar, vez ou outra, enfrenta multidões". - diz o poeta.
PS: Marcelo Henrique já concorreu duas vezes a vaga na Academia Brasileira de Letras. Com toda certeza o Brasil ainda não se deu conta da grandeza de Marcelo como poeta e, principalmente, como sonetista
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Paixão & Amor
I
Paixão é quando o corpo toma a frente
E a rédea no frisson que a ambos consome.
Paixão é quando a gente mata a fome
Enquanto um outro corpo mata a gente...
Paixão é quando, mal sabendo o nome,
Um sorriso qualquer deixa contente.
Paixão é fogo-fátuo: a gente sente,
A chama aumenta, mas depois já some!
Paixão é quanto o instinto não se aguenta,
No império do sentido e do prazer,
E um gesto, por mais tênue, é uma esperança...
Paixão é quando, perto dos quarenta,
A gente se permite entontecer,
Quase enlouquece e volta a ser criança.
II
Amor é quando, além da sensação,
Duas almas, cruzando um só caminho,
São gêmeas no calor do mesmo ninho,
Unidas no primado da emoção.
Amor é quando o toque é de mansinho,
O beijo é de veludo... e o coração,
Acelerando cada pulsação,
É fonte inesgotável de carinho.
Amor sublime, além da forma vã,
Amor que, se preciso, ama por dois,
Amor que é todo afeto e é só verdade...
No amor, o hoje é repleto de amanhã,
Ninguém cogita se haverá depois,
Pois sente plena e tanta a eternidade!
(20-I-2009)
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TROMBETAS -(A uma alma que sofre)
O brilho dos seus olhos causa dó,
Embora seja a luz no firmamento.
Retinas inundadas num momento
E, em outro, a sensação de estar mais só...
A máscara de dor e de tormento
Provoca na garganta um triste nó,
Como se você fosse a Jericó
Sem Josué do Antigo Testamento.
Toque as trombetas, meu amor, destrua
Essas muralhas de seu coração,
Sem se importar com quem está na rua.
Pisemos, meu amor, a terra firme.
Os “mascarados” vivem de ilusão...
E eu já passei da fase de iludir-me!