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Toda reverência aos nossos trovadores pioneiros nestes 60 anos de história!
Lá pelos idos anos 60 do inesquecível século XX, havia um grupo de poetas que faziam trovas como ninguém. Eram os pioneiros, que começaram toda essa história e construíram um movimento, o Movimento da Trova. Esse grupo de homens e mulheres era liderado por um outro poeta, também apaixonadíssimo pela trova, chamado Gilson de Castro, um Dentista. E seu amor era tão grande pela meiga forma de fazer poesia, a trova, que para viver intensamente nesse novo mundo, adotou para si um novo nome: Luiz Otávio.
Luiz Otávio e outro poeta trovador, um tal de J. G. de Araújo Jorge, que por sinal tinha uma certa fama no mundo das letras, autor de muitos livros de poesia, o poeta preferido das candidatas à Miss, participaram juntos de um concurso de trovas realizado pela Casa da Bahia, sendo ambos vencedores. Quando viajavam para o estado da Bahia com a finalidade de receberem seus prêmios, tiveram a feliz ideia de realizarem um concurso desse gênero no Rio de Janeiro. Como ambos tinham residência em Nova Friburgo, acharam por bem que essa primeira experiência fosse nessa bela cidade serrana. Sucesso total! Os Primeiros Jogos Florais de Nova Friburgo marcaram uma época, inaugurando o maior evento poético de todos os tempos.
Bem, essa história todo mundo já conhece e sabe de cor. O objetivo deste texto é homenagear aquela gente boa de rima e de métrica na batida das sete sílabas, as chamadas redondilhas maiores de quatro versos. Gente que fazia trova à rodo, participando de todos os concursos que “rolavam” na época, inspirados nos Jogos Florais de Nova Friburgo. Eram verdadeiros mestres, que trovavam por amor e paixão.
Gente como Rodrigues Crespo, Anis Murad, João Rangel Coelho, Colbert Rangel Coelho (pai e filho), Jesy Barbosa, Raul Serrano, Octávio Babo Filho, Walter Waeny, José Maria Machado de Araújo, Orlando Brito, Archimino Lapagesse, Ana Rolão Preto, Edgard Barcellos Cerqueira, Aparício Fernandes, Zalkind Piatigosky, Helio C. Teixeira, Augusta Campos, Carolina Azevedo de Castro, Durval Mendonça, Elton Carvalho, Carlos Guimarães, Walter Sanches, Joubert de Araújo Silva, Rubens de Castro, Waldir Neves, Magdalena Léa, Severino Uchoa, Carolina Ramos, Paluma Filho, Wilson Montemor, Aloisio Alves da Costa, José Coelho de Babbo, Ana Maria Motta, Rodolpho Abbud, José Paulo Tavares, Helvécio Barros, Ivo dos Santos Castro, Maria Nascimento Santos Carvalho, P. de Petrus, Antonio Carlos Teixeira Pinto, Elly O. Jones de Carvalho, Daniel de Carvalho, Amélia Thomás, Noel Bergamini, Clenir Neves Ribeiro, Odete Lapa Ferreira, Ieda Lucimar Mastrângelo, Augusto Cláudio Ferreira, Cyrlea Neves, Nydia Iaggi Martins, Izo Goldman, Alcy Ribeiro Souto Maior, Maria Stella de Sousa (Marisol), Jacy Pacheco, Jorge Murad, Paluma Filho, Dalva Guedes de Athayde, Cezar Torraca, Octávio Venturelli, Vasques Filho, Cipriano F. Gomes, Carlinda Lamego, Hedda de Moraes Carvalho, Almerinda Liporage (Tita), Luiz Pizzotti Frazão, João Freire Filho, Linda Brandão, Nádia Huguenin, Milton Nunes Loureiro, Flávio Stefani, Sérgio Ferraz, Eduardo Toledo e tantos outros que a memória me nega a lembrança. Estes foram os desbravadores do trovismo brasileiro, gente que viveu a trova em sua essência. Que participava dos concursos pelo prazer de fazer trova, fosse o tema que fosse, sem problema. Alguns ainda estão entre nós, ainda na atividade, outros afastados, mas a história está aí, escrita com amor e inspiração.
A trova continua encantando. Novos trovadores surgiram durante esses 60 anos de história. A chama continua acesa e assim será por mais décadas, quiçá para sempre.
Nossas reverências a esses bravos mestres da trova de todos os tempos! Nossa admiração, respeito e a responsabilidade de continuar, firmes, fazendo trovas, publicando-as, participando dos concursos, sempre com o compromisso de dar continuidade a essa história belíssima de uma forma poética que acabou se tornando um movimento poético-literário forte e mais duradouro da história dos movimentos literários brasileiros.
Que o amor à trova nos mova como moveu aqueles bravos trovadores que começaram essa história para que essa história continue firme e forte.
Que mais e mais concursos de trovas sejam realizados a cada ano para incentivar o cultivo da trova. E que mais trovas surjam, encantando cada vez mais, através de sua beleza e perfeição. Sempre levando a sério a fórmula deixada por Adelmar Tavares em sua magnífica trova:
Ó linda trova perfeita,
que nos dá tanto prazer!
Tão fácil depois de feita,
tão difícil de fazer!
Vivas à trova! Vivas aos nossos irmãos trovadores de ontem, de hoje e de sempre!
João Costa - Delegado da UBT Saquarema/RJ