Trovadores Inesquecíveis
I - Graziela Lydia Monteiro
(texto de Thereza Costa Val, da UBT Belo Horizonte, para www.falandodetrova.com.br)
Relembrando os trovadores com quem pude conviver na UBT/ Belo Horizonte e que se tornaram inesquecíveis para mim, relacionei uma lista considerável de nomes conhecidos que partiram para outra dimensão, deixando lembranças que não se apagam.
Trovadores famosos e brilhantes, porém, simples e simpáticos, dispostos a ajudar e esclarecer as dúvidas dos iniciantes, assim eram os companheiros, quando ingressei na seção. As reuniões aconteciam aos sábados com um número pequeno de freqüentadores, mais ou menos quinze trovadores. No entanto, era um grupo de peso!
A primeira que vi partir foi Graziela Lydia Monteiro. Lembro-me bem dela. Muito magra, de estatura mediana, solteira, Graziela era gentil, delicadíssima, possuidora de grande simpatia. Professora de ensino primário (nomenclatura da época), bibliotecária, ela escrevia livros de literatura para crianças, tendo obtido o 1º lugar por duas vezes no difícil Prêmio Nacional de Literatura Infantil “João de Barro”, concurso até hoje promovido pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Era também contista premiada.
Graziela fazia trovas líricas/ filosóficas e humorísticas.
Parece-me que Graziela Lydia Monteiro não deixou livro de trovas, apenas participações em coletâneas da UBT de Belo Horizonte e livretos de resultados de concursos realizados pelo Brasil. Algumas de suas composições ainda hoje são citadas e muito apreciadas. Penso ser importante relembrar seu nome e algumas de suas trovas porque sua participação dignificou a UBT de Belo Horizonte e a UBT no Brasil. Poderia mostrar muitas outras, porém, deixo apenas uma amostra do que Graziela produzia, suficiente para que possam conhecer a grande trovadora que foi.
Pobre de quem, terra-a-terra, Em meu viver tenho sido
vive seu mundo tristonho, o mais triste dos sozinhos...
sem o horizonte que encerra Quanto horizonte perdido
a fantasia do sonho! nos tropeços dos caminhos...
Mandei a tristeza embora Tua despedida amarga...
e aquietei meu coração; Silêncio, fechar de portas...
meu horizonte de agora Ficou o peso da carga
tem as cores da ilusão. da tristeza em horas mortas...
Das mensagens que mandaste Na madrugada indormida,
o tempo apagou as linhas, juntei ternura aos pedaços,
mas lembranças que deixaste: cada remendo de vida
jamais se apagam, são minhas... tinha linha de teus traços...
Madrugada, bem cedinho, A solteirona infeliz
por tristes vielas tortas, viu sua casa assaltada,
vagueia sem um carinho, ladrão levou o que quis:
Aurora de auroras mortas... menos a pobre coitada.