trovadores novatos e veteranos - 21.02.2015

       

Trovadores  -  Novatos e Veteranos
(texto de Carolina Ramos, disponível em "Opinião), do site www.falandodetrova.com.br)

 
          Separar, em Concursos Oficiais, os Trovadores Veteranos dos Novatos. Desde que tomei conhecimento desta decisão da UBT Nacional, desaprovei-a, mas mantive-me calada, esperando que alguém se manifestasse a respeito.

          Ao ler, no site “Falando de Trova”, a opinião de José Ouverney, que afinava com a minha e de outros que o apoiaram, consultei por e-mail o Pres. do Conselho Nacional, Flávio Roberto Stefani,  sobre o que pensava a respeito dessa questão  e  posicionei-me, expondo-lhe   meu modo de pensar. Recebi dele resposta compatível com o meu pensamento e com o  dos demais, insatisfeitos com a medida.
 
          Sem as responsabilidades dos cargos que ocupava, só agora decido levar minhas conclusões à Presidência Nacional da UBT.

          No meu entender, o fato de dividir os trovadores em dois grupos, só seria aceitável, (até funcional e útil), numa  Oficina de Trovas. E é precisamente isto o que, há muito tempo, fazemos na UBT/ Santos, para estimular os iniciantes.

          Contudo, aplicar esta medida em Concursos Oficiais da UBT, considero  absolutamente desaconselhável, pelo seguinte:
       Longe de ser um modo saudável de dar crédito a uma promoção, esta é a melhor maneira de banalizar qualquer Concurso! É o mesmo que transformar a UBT (entidade  merecedora de todo o crédito) em mera doadora de prêmios, concedidos  a quem quer que se arvore em concorrer com uma trova, que pode até ser merecedora de aplausos,  mas que ainda não está a altura de merecer uma premiação, acabando por  ser classificada  porque não há outra melhor acima dela. Convenhamos que isto desmerece e desdoura  qualquer  vitória!

          Os Novos trovadores devem ser bem recebidos e estimulados a crescer sem bajulações e sem que lhes seja saciada a sede de compensações imediatas.  Só assim valorizarão a Trova e também o esforço daqueles que os antecederam e que poderão ser vencidos em qualquer tempo, sem que precisem concorrer separadamente.
 Basta, para tanto, que se tornem aptos e que se aprimorem. Isto se consegue com trabalho e garra! Sem que, para que ganhem um troféu, tenham que ser os Veteranos  compulsoriamente afastados do  caminho que eles começam a trilhar, tal se fossem pedras que lhes  impedissem  a  vitória!  Esse tipo de vitória, não convencerá a ninguém! Nem mesmo aos pivôs da questão! A menos que o amor-próprio deles esteja anestesiado.

          Antes de se sentirem frustrados, por não terem obtido ainda alguma premiação, os Novatos precisam ser conscientizados de que uma das principais qualidades do trovador é a humildade. Humildade para aceitar derrotas, para acatar correções e para sonhar dentro dos limites. Por outro lado, precisam chegar munidos de muita raça para continuar a crescer e correr atrás do que pretendam conquistar. Se assim for, quando menos esperarem, estarão concorrendo, ombro a ombro, com os Veteranos e, se não digo aptos  para suplantá-los, é porque, imperceptivelmente, já serão um deles!

          Em suma, a nossa UBT é uma entidade cultural especificamente voltada para o cultivo da Trova e não uma sociedade qualquer, como as que  por aí há, cujo objetivo é dar prêmios, títulos, diplomas  e comendas , a três por dois, alimentando vaidades e inflando egos. Não foi para isso que foi criada!

          Tudo tem seu tempo certo, que não deve ser alterado. Isto não quer dizer que o tempo de espera tenha que ser amenizado com prêmios de consolação. Só assim, aquele que tem um troféu nas mãos poderá dar-lhe o devido valor. Saberá o quanto lhe custou chegar àquela ansiada vitória! E o sabor dessa vitória terá gosto muito especial e sem similar, por não ser fruto de uma vitória facilitada, que, em última análise, não passaria de vitória fictícia.

          Concursos Internos, promovidos pelas Seções, com estas normas, serão bem-vindos.  Não, porém Concursos Nacionais, que logo passarão aInternacionais, e que, dentro dessas bases, só contribuirão para banalizar a Trova e para desvalorizar o Movimento Trovadoresco surgido no Brasil com tanta força. Valorizemos o que é nosso!

          É bom lembrar outra particularidade que poderá ser agravada, pela contestada  decisão, que nos divide, é que esta decisão poderá pesar ainda mais sobre o orçamento das promoções,  principalmente dos Jogos Florais,  já difíceis de enfrentar!

          Para tentar contornar esta dificuldade, tornando menos caros os orçamentos, a primeira solução a vir à mente é que se corte a premiação, dividindo-a entre Novatos e Veteranos. Ficariam assim, cinco classificações, para cada um,  invés de dez.

          Mas será isto justo?! Para que os iniciantes sejam “premiados”, a metade dos melhores trovadores  terá que ser alijada! Dá  para concordar?!

          Com toda a sinceridade e a melhor das intenções, respondo que não! Não dá para concordar! Seria o mesmo que retirar das competições esportivas os Pelé, Neymar, Messe, Cristiano Ronaldo, etc., para que os demais pudessem ter oportunidade de golear!!

          Todo Concurso é uma competição. O próprio rótulo - Jogos Florais - já diz tudo!

          A direção Nacional  da UBT agindo dessa forma, comete  um grave pecado, pecado  de  base, que é o de  ter, inadvertidamente, desvirtuado com esta medida,  um dos  principais objetivos dos Concursos promovidos pela UBT!

          Sabe-se  que a  UBT, em seus Concursos, classifica Trovas e não os seus autores. Isto é coisa dita e repetida desde sempre!

          Com a nova medida, dá-se justamente o inverso, a UBT passa a premiar não Trovas, mas, Trovadores, sejam eles Veteranos ou Novatos, com sensível prejuízo à qualidade das apurações.

          É por isso, cara Presidente, que, como membro do Conselho Nac. da UBT, lamentavelmente sou forçada a dizer-lhe que desaprovo a medida em foco.

          Receba meu fraterno abraço, na esperança de  que estas palavras esclarecedoras, sinceras e não críticas, possam ser úteis para o bom andamento da nossa UBT.
                                                                   Carolina Ramos/Vice Presidente Conselho. Nacional da UBT.
 
 

 Complementando: Uma questão similar já foi levantada no tempo de Luiz Otávio, (em Niterói) e ele, que a desaprovava, entregou a questão ao Departamento Jurídico da UBT. Quem a estudou detalhadamente foi Octávio Babo Filho, já falecido, e que era advogado e trovador. A resposta foi que a medida pretendida, era anti-jurídica (?) não poderia ser adotada, por um erro de base: - A Trova é a premiada e não o trovador.
 
E o que se pretendia fazer, tentando ajudar os novatos, era o seguinte: - Quando um trovador classificasse mais de uma trova só seria premiada a mais pontuada, sendo as outras automaticamente excluídas ou seja, exatamente o mesmo que se pretende fazer agora - beneficiar trovadores novatos dando-lhes troféus discutíveis e,  para que isto seja conseguido, o jeito será coibir a participação dos Veteranos!
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