Trovaterapia

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TROVATERAPIA
Editorial Trovia Julho/2000

Sabe-se que alguns geriatras costumam receitar “palavras cruzadas” aos seus pacientes. Tudo bem: é ótimo brinquedo e uma boa ginástica para o cérebro. Nada custa, porém, data vênia, soprar uma dica aos especialistas em velhinhos: receitem trovas. Não existe nada melhor do que trovas como exercício para a inteligência e o coração. Ler e escrever trovas. Esse poeminha de 28 sons é uma coisa mágica. Você eureca o primeiro verso e fica com ele na cabeça horas e horas caçando o complemento. Na hora de dormir, então, é um santo remédio: não há grilo que consiga entrar em mente ocupada com a construção de uma trova... Seja para enviar a algum concurso, seja para incluir num livro, pouco importa: o importante é fazer trova. Mesmo que os versos saiam pobrezinhos, ainda assim vale a pena. Se ninguém mais gostar, o autor gosta, e pronto: está realizada a terapia. Pelejando com a sua própria produção, o trovador sente curiosidade em conhecer a produção dos outros; daí passa a ler quantas trovas encontre – em livros, informativos, etc., etc. Acaba virando mania. Salutaríssima e alegre mania. Com a cabeça cheia de rimas e o coração cheio de sonhos (ou vice-versa) não sobra tempo ao trovador para envelhecer. Aliás, muita gente já descobriu esse segredo. Se você conhece algum geriatra, sugira a ele que participe de uma festa de trovadores: não será surpresa alguma se ele trocar as “palavras cruzadas” pela trovaterapia...

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