TRIBUTO AO CAPITÃO VINCI
Nas reuniões mensais da Academia Pindamonhangabense de Letras (era membro efetivo, cadeira nº 32), realizadas no prédio do Museu, enquanto a saúde lhe permitiu, ele era presença constante. Discretamente sentado ao fundo, do lado direito, ao final levantava-se e saía e, muitos, às vezes, nem se davam conta de sua presença. Em diretorias anteriores, quando as reuniões eram ainda no prédio da Câmara Municipal, ele ocupou o cargo de Secretário da Entidade.
No Clube de Malha Bosque da Princesa e na Liga de Malha de Pindamonhangaba também exerceu cargos diretivos, além de ter sido um bom malhista.
Na comunidade da Igreja São Sebastião, junto com sua esposa, sempre se destacou por seu trabalho e sua liderança também.
E na UBT, seção municipal, no tempo em que havia reuniões regularmente, também marcava presença, declamando, com seu vozeirão, composições de sua autoria.
No dia 25 de março, todos os anos, eu já sabia: tocava o telefone de minha residência, era ele, cumprimentando-me por meu aniversário. Acontecimento raro hoje em dia, mas que ele o fazia religiosamente, dando provas de sua sincera amizade. E assim também o fazia, quando queria tirar alguma dúvida sobre métrica ou perguntar sobre algum concurso de trovas em andamento.
Profissionalmente ele não estava mais na ativa há longos anos, tendo sido reformado como Capitão-R1 do glorioso Exército brasileiro.
Premiou diversas vezes em concursos de trovas. Lembro-me, por exemplo, desta, classificada no tema “Correnteza”:
(Menção Honrosa Cachoeiras de Macacu/RJ, 1999)
Devido à minha fraqueza,
vi meu sonho se esfumar
na espuma da correnteza
que eu não soube represar.
A última vez que viajamos juntos foi a Taubaté, quando ele foi receber seu diploma referente à trova abaixo, no ano de 2011:
(Vencedora em Taubaté – 2012)
A lucidez nos permite
separar o mal do bem,
com alcance sem limite,
pois de Deus é que provém.
E em 2012 ocorreu aquela que, creio, foi sua derradeira premiação, no concurso realizado em Pindamonhangaba, tema “Volta”:
(Menção Especial em Pindamonhangaba-2012)
Quantas vezes nós choramos
num acesso de revolta
e por isso não lembramos
que o passado não tem volta!
JOSÉ RAUL VINCI cumpriu, com brilhantismo incomum, todas as missões a que se propôs ou que lhes foram confiadas. Um gentleman. Sem deixar de ser guerreiro. Nasceu, filho de Ricieri Vinci e Isaltina Corrêa Vinci, no dia 12 de dezembro de 1932 em Pindamonhangaba (ou teria sido Roseira?). Não importa: conheço poucos que foram tão pindamonhangabenses quanto ele.
Capitão Vinci nos deixou no dia 10 de agosto de 2015, tendo ido fazer companhia à esposa Maria de Lourdes Fonseca Vinci, sua companheira de uma vida inteira, que partira também há não muito tempo. Deixou três filhos, muitos amigos e uma saudade imorredoura.
Ao toque de silêncio em nossos corações, vá com Deus, meu Capitão.