Aleluia! Wilson Montemór ainda está entre nós
Na missa em trova, nos XXXIX Jogos Florais de Niterói, percebi um senhor numa cadeira de rodas bastante assediado. Imaginei que fosse simplesmente um amigo de algum trovador, convidado a assistir à missa. Mas, depois da liturgia, o padre Elídio Robaina convidou os trovadores para posarem para fotos no altar. Ao acompanhar os trovadores, vi que o senhor na cadeira de rosas também era conduzido para se posicionar entre nós. Considerei o fato natural. Mas, no final, quando íamos saindo da Igreja, percebi Conceição Neves, viúva do inesquecível trovador Waldir Neves, visivelmente emocionada. “Wilson Montemór, quanto tempo não o via”, disse-me ela. “Onde?”, perguntei. “Ali, na cadeira de rodas. Pensei até que não estava mais vivo.” (Foram estas, exatamente, as suas palavras).
Eu não conhecia o trovador Wilson Montemór pessoalmente, só através de suas trovas. E, de fato, havia muitos anos que não via nenhuma participação sua em nossos concursos. E nem ouvia falar nele em nossos encontros. Conceição estava certa. A idéia que se tinha é que ele já não estava mais entre nós.
Mas estava sim. E eu fiquei feliz com isso.
Voltei a vê-lo à noite, na AABB, na festa da entrega dos prêmios aos trovadores vencedores dos Jogos Florais. Na entrada já fui brindado com um livro seu, “Árvore da Vida”, com sonetos, poemas e trovas. E ele estava lá também, sorridente, feliz entre os seus irmãos de sonhos. Me aproximei, cumprimentei-o e expressei minha satisfação por conhece-lo pessoalmente. Gostaria que ele pudesse autografar o livro, mas notei que tinha a mão direita paralisada. Me contive.
No final, foi homenageado, com troféu e diploma, pela UBT de Niterói.
No domingo, no almoço de confraternização, também compareceu. E como aniversariaria no dia seguinte, recebeu antecipadamente os “parabéns” de todos os trovadores ali reunidos.
Realmente foi emocionante a presença de Wilson Montemór. Foi o ponto máximo dos Jogos Florais de Niterói, versão 2009.
Wilson Montemór nasceu em Resende (RJ), no dia 30 de novembro de 1920. Escritor, poeta e trovador premiadíssimo em todo o país. É autor de trovas antológicas, como:
Teus beijos, nos lábios meus,
no instante da despedida,
tornou mais doce este adeus
e mais amarga a partida...
***
Sina das mais dolorosas
a de quem, nos seus caminhos,
plantando, só planta rosas,
colhendo, só colhe espinhos...
***
Que ironia!... O faroleiro,
tendo em casa luz escassa,
ilumina o mar inteiro
para o navio que passa...
Celebrem, irmãos trovadores! Wilson Montemór ainda está entre nós, para a glória da trova e a nossa felicidade.
===================================================================================
Texto postado em 06.12.2009 por João Costa, Delegado da UBT de Saquarema/RJ