ZENÍLIA PAIXÃO nasceu em Contagem/MG em 01 de dezembro do ano de 1917 mas foi em Belo Horizonte que ela desenvolveu toda a sua vida. Em 1993 lançou o livro "O Eleito", de poesias. Era muito participativa em toas as entidades litrárias de que fazia parte. Faleceu em 06 de janeiro de 1996.
De nosso encontro marcado,
não sei o que mais errou:
se quem chegou atrasado,
ou quem nem tarde chegou.
Trago sempre na lembrança Teu sorriso é que envenena
o meu sonho de menina: a taça dos meus amores:
uns olhos cor de esperança por ele caí, serena,
da boneca da vitrina. num precipício de flores.
A lua, mulher formosa, O luar de minha infância
espera a noite chegar, ficou na minha saudade.
mirando-se presunçosa Quanto maior a distância,
no espelho verde do mar. mais intensa a claridade.
Na carícia prolongada Buscando a felicidade
daquele beijo ao luar eu sinto a vida passar
entrei pela madrugada entre sonho e realidade,
e nem vi o sol raiar. e o cansaço de esperar.
Com sua fronte serena, Na vida o que lamento
revendo a missão cumprida não é mágoa, não é dor
descansa o idoso a pena e sim o cruel tormento
no pergaminho da vida. de viver sem ter amor.
Às vezes sinto saudade Se jamais tive a ventura
de um momento que passou, de uma afeição verdadeira,
da fugaz felicidade um momento de ternura
que a lembrança eternizou. valeu-me a existência inteira.
Não resisti à magia Uma estrela cintilante
dos teus olhos cor de grama. para chamar a atenção
Quis fugir... já não podia; pôs um colar de brilhante
é o destino de quem ama. e virou constelação.
Na mais cruel solidão Tua beleza, Maria,
descobri um certo dia, não deixa de ser fatal:
que até mesmo a ingratidão uma cabeça vazia
às vezes faz companhia. num corpo sensacional.
Toda a humana inteligência Divino em sua pureza
em estrutura e grandeza o amor de mãe ultrapassa
resplandece na opulência toda a esfera da grandeza,
que há na Língua Portuguesa. na humana vida que passa.
Há um canto de louvor No mundo tudo fenece,
em nosso livro sagrado a própria vida se esvai...
ao filho, que é protetor uma coisa permanece:
de um pai idoso e cansado. o bom exemplo de um pai!